sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Avaliação ruim não muda planos do MEC para compra de laptops


Mesmo com falhas de gerenciamento, capacitação e infraestrutura na implementação do programa UCA (Um Computador por Aluno), o MEC não pretende reduzir investimentos em tecnologia.
Pelo contrário. Segundo Sérgio Gotti, diretor de formulação de conteúdos educacionais da pasta, mesmo sem evidência de resultados desejados até o momento, o governo continuará investindo por entender se tratar de um "caminho sem volta".
O UCA foi lançado em 2010 de forma piloto em seis municípios, distribuindo cerca de 150 mil laptops para professores e alunos de mais de 300 escolas públicas.
A Folha obteve estudo encomendado pelo governo federal à UFRJ em cinco dos seis municípios que participaram do projeto piloto. Ele mostra que a iniciativa sofreu com problemas como falta de infraestrutura das escolas, capacitação insuficiente de professores e manutenção inadequada.
Os aspectos positivos destacados no estudo foram o maior domínio da informática por parte dos alunos, resultados melhores nas escolas em que os estudantes puderam levar os computadores para casa e até alguns benefícios na alfabetização de crianças de seis anos.
No entanto, o uso dos equipamentos como ferramenta pedagógica em sala de aula ficou aquém do esperado. Nas entrevistas que os avaliadores fizeram com os docentes, foram relatadas queixas sistemáticas de implementação de forma atropelada e apressada do programa, reduzindo o entusiasmo inicial das escolas com a inovação.
O programa nunca chegou a empolgar a equipe do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, mas tinha a simpatia da Presidência da República. Foi o então presidente Lula que, em 2005, ao ser apresentado à ideia no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suiça), determinou que um grupo de trabalho atuasse para viabilizá-lo.
O uso de tecnologias em sala de aula é um tema controverso entre educadores, pois trata-se de um alto investimento com poucas evidências empíricas de efeitos significativos no aprendizado. Há estudos que chegam a identificar até piora no desempenho.
Um caso emblemático é o da cidade de Kyrene, no Estado americano do Arizona, que investiu US$ 33 milhões entre 2005 e 2010 para adaptar as salas de aulas antigas. Até lousas foram trocadas por telas interativas. A cidade, no entanto, não registrou ganho de aprendizagem.
Anteontem, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou que a compra de tablets --revelada pela Folha-- terá como alvo os professores, que devem receber até o fim do ano 600 mil aparelhos.
Gotti, do MEC, defende a decisão. Ele argumenta que, mesmo sem evidências até o momento dos benefícios pedagógicos, o país não pode deixar de procurar formas de inovar no ensino.
"Como disse o ministro, não é possível ficarmos alheios à tecnologia. Temos um compromisso moral com as escolas públicas de investir em novos equipamentos, pois sabemos que as particulares já estão fazendo isso."
Fonte: Folha.com

Fila para creche municipal tem 101 mil crianças em SP


A gestão Gilberto Kassab (PSD) tem de criar 276 vagas por dia até o fim deste ano se quiser zerar a fila de espera por creches na capital e cumprir uma promessa de campanha do prefeito nas eleições de 2008.
Ontem, a Secretaria Municipal da Educação divulgou a demanda atualizada em dezembro de 2011.
São 101.165 crianças cadastradas na prefeitura que começam o último ano da gestão Kassab sem vaga.
Por outro lado, são 200 mil crianças matriculadas, após a criação de 70 mil novas vagas em 2011.
Proporcionalmente, entre 2007 e 2011, o número de matrículas cresceu mais do que o de crianças na espera --140% e 27,7%, respectivamente.
O dado de dezembro é considerado a demanda real por creches na cidade porque representa o número exato de pais que procuraram vaga para os filhos durante todo o ano, mas acabaram não sendo contemplados.
Resposta
O secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, afirmou ontem que o número de crianças matriculadas em creches subiu na atual gestão, de cerca de 61 mil em 2005 para cerca de 200 mil no ano passado.
Schneider afirma, porém, que o problema é que, por outro lado, a demanda por creche aumentou muito nos últimos anos. Para justificar, ele cita três motivos.
"Primeiro, por causa do aumento da oferta de creches. Ficou mais fácil cadastrar os filhos. Segundo, porque tem mais mulheres trabalhando fora de casa. E, por último, porque nossas creches são de boa qualidade e temos pessoas com renda para pagar creche particular colocando os filhos na rede pública", disse.